O Papa e o YouTube

Acabei de ver no blog da HSM, UpdateorDie, que o Vaticano criou um canal no YouTube.com dia 23 do mês passado, tornando o papa a pessoa mais idosa a ter um canal no site de vídeos.

Comunicação para a Igreja! Uma das principais empresas da humanidade dando exemplo de formas alternativas de comunicação em uma conjuntura de marketing de guerra.

Isso me lembra o último documentário que vi, Religulus, do mesmo diretor de Borat, sobre fé e religião como fanatismo...

Elizabethtown e o fracasso

Durante nossa vida, ficamos diante de situações em que somos obrigados a lidar com as nossas idéias que julgamos ser as revolucionárias, prestes a mudar o mundo, ou pelo menos que possam mudar alguns valores que governam o mundo. Da mesma forma, nos deparamos com situações em que corremos todo o risco (necessário); situações em que abrimos mãos de várias outras coisas. É também, assim, com idéias que vendemos após extraordinária pesquisa, achando que tudo está correto e que não nos esquecemos de nada. Mas de repente, a coisa não sai conforme o planejado, nem perto do que era esperado. Temos aí, o fracasso.

A todos, recomendo um filme que vi no último final de semana (de carnaval?!) chamado Elizabethtown, ou, em português, Tudo Acontece em Elizabethtown, com o Orlando Bloom e a Kirsten Dunst. É um filme "antigo", de 2005 que narra a história de um designer de calçados que tem à frente o fiasco de seu projeto. Quase 1 bilhão de dólares investidos no projeto de um calçado promissor é jogado no lixo; motivo de piada em todo o país. Em uma reunião com o proprietário da grande empresa, nosso colega é intimidado a assumir na mídia que os erros foram todos dele, limpando o nome da fábrica.
Veja o trailer:



A forma como o filme aborda todo o fantasma do fracasso é o que verdadeiramente deve ser consumido. Não se trata do fracasso de um executivo com seu trabalho apenas, mas também do desespero de outras pessoas ao ver seus próximos tomando o próprio tempo em arriscar em coisas que se duvida que se deva buscar, o tal do feeling.
Deveria ser assistido por todos os colaboradores, líderes, gerentes e diretores de qualquer empresa. Todos.

Apesar de parecer um filme Sessão da Tarde bobo, a mensagem essencial é: Gaste apenas 5 minutos encarando seu fracasso. Respire bem fundo e continue, sem pensar um minuto a mais sobre o assunto.

Big Brother e o Niely Gold

Um dos programa mais assistidos no Brasil é o Big Brother. Mas muita pouca gente conhecia a marca Niely. Em 2006, a marca começou seu merchandising na emissora Globo e no BBB. De lá pra cá, as vendas da marca aumentaram "apenas" 20% (o que é verdadeiramente discutível. 20% pode ser muito e pouco ao mesmo tempo. Não temos referências).
Mas quem assistiu ao Big Brother no Multishow no sábado último, viu a verdadeira discórdia dos ocupantes da casa diante do produto. A linha Gold da Niely (produto especial para os cabelos) foi lançada nacionalmente com uma festa agitada pela DJ Dri-K. Duas participantes do reality show falaram e em alto e bom som muito mal do produto e das modelos contratadas para dançarem em mini-palcos durante a festa.

A sorte é que a transmissão na TV Globo terminou antes do ocorrido, mas muito bem divulgado no canal global Multishow, na TV fechada.
Na Globo, apenas imagens editadas, com os homens fazendo círculo e gritando "Niely Gold!" por causa, justamente, das modelos. E nem poderiam colocar na TV aberta "alvos" do merchandising falando mal de um produto patrocinador.

Mas que todos devem ter levado uma sonora (literalmente) repulsa na casa, falando para não falarem mal dos produtos que patrocinam o programa. E o seu produto? Você gostaria de pagar cerca de R$ 11 mil para falarem mal dos seus produtos?
Provavelmente a própria TV Globo deve ter sido notificada com uma advertência. É muito dinheiro para pôr em risco um lançamento de produtos, que custa e que pode trazer uma verdadeira crise para a empresa.

E a segunda começou com o Faustão...

Estava eu voltando da Asa Sul, esperando pelo meu ônibus na L2 Sul com destino a W3 Norte por volta das 10 da manhã, quando me deparo com o ministro Gilmar Mendes (foto: Internet), guiando seu possante Honda para seus esforços diários - quase furando o sinal vermelho. Neste mesmo instante eu ouvia a Band News FM, uma da melhores rádios de notícias da cidade de Brasília, além da CBN, é claro.
Assim que o ônibus chegou, passei pela roleta e prestei maior atenção ao que ouvia. Era um debate com participação dos ouvintes sobre a portabilidade telefônica, que, graças a Deus, finalmente chegou na cidade (hoje). Mas o que o ministro Gilmar Mendes tem a ver com isso? O tal do grampo. É, talvez.
Mas na realidade, foi mesmo só um jeito diferente de iniciar essa postagem.

No meio da viagem, enquanto o ônibus dava a longa volta na Esplanada dos Ministérios (opa, um gancho pra encaixar o Gilmar), vem em meus ouvidos uma voz chata, berrante, que logo desmascarei: Faustão. E o que esse cara tem a ver com a portabilidade telefônica e o ministro Gilmar Mendes?
Bom, parece que na comunicação da portabilidade telefônica, a operadora Claro saiu na frente. Produziram um spot de rádio com o Faustão (ícone do popularesco "global") pra começar a fisgar consumidores insatisfeitos com as suas operadoras no Distrito Federal. Fizeram na hora certa, veicularam no dia estrategicamente correto. Talvez a Claro tenha saído na frente de todo mundo, registrando e já criando o Portabilidade. O mais curioso é que a voz do nosso amigo, neste spot de rádio, parecia determinado a te convencer a ir para a Claro. Ham? Mas esse não é propósito? Operadoras de telefonia se batendo à tapas na busca por clientes?

É fácil perceber que estamos adaptando nossa forma de consumir. Estamos assistindo ao fim de uma espécie de prisão nos serviços. O consumidor está ganhando mais liberdade e a briga entre quem presta o serviço ficará melhor, não tenha dúvidas. Poderemos ter uma leitura de quem ditará as regras de qualidade no serviço prestado será o próprio consumidor. Mas é importante sempre lembrar que a ação do consumidor ou sua intenção de compra não substitui pesquisa alguma. Nesse jogo todo, vai ser interessante reparar o comportamento da Brasil Telecom celular, por exemplo, campeã nacional em reclamações no Procon.

Primeiro a telefonia, depois os planos de saúde... e então? Qual será o próximo?

Showzinho desnecessário da PMDF

A Polícia Militar do Distrito Federal ganhou novas viaturas. A entrega foi hoje na altura da 203 Sul. Os possantes equipados com GPS e computador de bordo. Tudo porque a PMDF está comemorando 200 anos. Na comemoração, autoridades locais e regionais, e a já esperada vistoria (simbólica) do governador Arruda em uma das viaturas. Fato devidamente registrado pela Assessoria de Comunicação da PMDF.

O que realmente não é necessário fazer, ao se entregar viaturas e aparelhos para a segurança pública, é o showzinho que as viaturas deram no Eixinho esta tarde. Das 170 novos carros, contei pelo menos 22 viaturas correndo em alta velocidade pelo Eixo L sul. Todas com giroflex ligado e sirenes numa verdadeira sinfonia barulhenta (e mais uma vez, desnecessária). Fiquei entusiasmado com as luzes vermelhas, brancas e azuis dos carros. Muito bonito mesmo.
Mas... pra quê?
Pra quê esse show se no Eixinho a velocidade máxima é de 60 Km/h (com radares a cada 300 metros)? Qual impressão quiseram passar? Agilidade? E a gasolina do show? Quem paga? Ah, foi só pra deslocar as viaturas para o Guará, Gama, Taguatinga, Ceilândia etc? Tudo bem, mas se quer realmente "levantar poeira", deveriam ter usado o Eixão onde a velocidade máxima permitida é de 80 Km/h. E mais, giroflex é algo suficiente.. E as sirenes? Ora, a imprensa deve estar avisada, aliás, com certeza o fato estará pipocando nas publicações periódicas do DF.

Imagino como deve ser difícil trabalhar comunicação de órgão público (ainda não tive o prazer), mas é de se lamentar se essa idéia infeliz veio da Comunicação da PMDF.