sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Falta bom senso no Marketing Político

Não, na propaganda política não vale tudo. A priori, na política, tudo é, ou deveria ser, bem melhor pensado e planejado para a vitória de um candidato, em igualdade ao sucesso de uma ação de comunicação em sua totalidade: market share, top of mind etc.

Todos lembram da menina que denunciou irregularidades na escola em Florianópolis, Santa Catarina, certo? Isadora Faber, 13 anos, utilizou o Facebook para denunciar diversos problemas na escola pública onde estuda(va), montando o Diário de Classe. A menina ganhou notoriedade após ser pauta em diversos programas jornalísticos e matérias em jornais impressos. Pois bem.

O candidato do PSD à prefeitura de Florianópolis, César Souza Júnior (Foto: Jessé Giotti/Agência RBS), filho do apresentador e político César Souza - pra quem não sabe, César Souza (pai) é como Celso Russomano em São Paulo - utilizou imagens da menina em sua campanha eleitoral na televisão sem autorização. Segundo a mãe da garota, os profissionais que cuidam da campanha do candidato entraram em contato por três vezes, sendo todas as propostas recusadas. Mesmo assim, parece nada impediu o uso das imagens.
Aliás, não há motivação político-partidária na criação e manutenção do Diário de Classe, de acordo com a família da menina.

Na Folha: "A assessoria de imprensa do candidato diz que foram tomados todos os cuidados para evitar a exposição, inclusive borrar a imagem de Isadora na página do Facebook e que apenas repercutiu denúncias públicas."

A questão que levanto não é a de que o candidato está certo ou errado em usar as imagens.
Veja bem: assim como existe o Conar, Procon e outros órgãos de fiscalização de propaganda e consumo, deveria haver uma fiscalização de ofício mais rigorosa nesses casos. Sabemos da existência e papel do juiz eleitoral, mas o que impressiona é a falta de bom senso dos profissionais do marketing político.

Quando se cuida de uma marca, percebe-se uma diferença grotesca. Afinal, trabalha-se com dinheiro privado, ou no máximo, misto, envolvendo lucros significativos para qualquer organização, bem como sua reputação, imagem e outros valores agregados - há a necessidade de uma política de comunicação muito mais bem definida. No caso dos partidos políticos, é de conhecimento geral o acúmulo de montantes denominado "caixinha", ou "caixa dois", para pagar multas na Justiça Eleitoral. Esta, por sua vez, deveria ser pautada por uma lei mais ativa e menos passiva, ainda agindo sobre o princípio constitucional da legalidade, reforçando o princípio da oficialidade.

Vale a reflexão para que a ética e o bom senso profissional possam, um dia, mudar os ventos da Comunicação segmentada, ora observada como chorume.

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